Aos poucos, o Botafogo começa a colher os frutos pela paciência que tem demonstrado com o projeto comandado por John Textor, acionista majoritário da SAF. Se o time fez um primeiro turno que não encheu os olhos do torcedor, o segundo faz com que a equipe possa sonhar de maneira concreta com uma vaga na Libertadores. Com a vitória por 2 a 1 sobre o Avaí, na Ressacada, o alvinegro ficou a dois pontos de distância do G8.
No início da temporada, o discurso que tomava conta dos bastidores do Botafogo era de que seria um ano difícil. Por isso, oficialmente, a meta estipulada foi de concretizar a permanência na Série A. Algumas vezes, essa ideia foi tida como arriscada externamente, como após a derrota por 4 a 0 para o Palmeiras no primeiro turno. Por isso, no dia seguinte, John Textor, mesmo confiante no trabalho que estava sendo feito pela direção no dia a dia e pelo técnico (e sócio, como gosta de dizer) Luís Castro — que, no momento, sofria com as críticas da torcida —, disse que planejava fazer contratações que elevariam consideravelmente o nível da equipe.
Ao longo da segunda janela de transferências, chegaram nomes como Adryelson, Marçal, Eduardo e Tiquinho Soares, além de outros seis nomes. Embora todos os quatro citados nominalmente sejam titulares absolutos, o centroavante que chegou do Olympiacos assumiu, inevitavelmente, o posto de melhor jogador do time. Curiosamente, a contratação foi uma das que mais causou a desconfiança da torcida, muito por conta do contexto.
Depois de semanas de flerte com Eran Zahavi, ex-PSV, e indicações tanto por parte do clube como do jogador de que a negociação se concretizaria, o Botafogo não conseguiu contratar o atacante israelense. Como plano B, a diretoria tinha o nome de Tiquinho Soares, paraibano até então desconhecido no futebol brasileiro.
Mesmo que soubesse da vontade nítida do jogador de acertar com o clube, a cúpula do futebol alvinegra enfrentava a resistência do Olympiacos, da Grécia, que tinha contrato com Tiquinho — o que aumentou a irritação dos torcedores, que ansiavam pela chegada de um nome de peso. Ao aceitar uma das várias demandas feitas pelo clube, o atacante acabou se contundindo, o que o fez pensar que o Botafogo desistiria da negociação.
Confiante da qualidade do jogador e de que o perfil de Tiquinho se adequaria ao estilo de jogo determinado por Textor e Castro, a diretoria do Botafogo bancou a contratação do jogador.
Enquanto isso, o time ainda acumulava maus resultados dentro de campo. Foram cerca de três semanas até que Tiquinho estivesse disponível para estrear. Mas seis jogos depois, o camisa 9 mostra que a decisão do clube foi acertada e reflete o resultado positivo, embora precoce, de decisões pensadas para que o Botafogo possa colher os frutos no futuro.
Desde a estreia de Tiquinho, o Bota acumulou quatro vitórias, com três gols do centroavante O desempenho de ambos faz com que o sonho da Libertadores seja possível. A vaga, caso confirmada, seria um grande resultado para um projeto tão recente como o da SAF — afinal, era inviável pensar que o time que disputou o Campeonato Carioca pudesse alcançar tal feito.