O Fluminense estará de volta à Libertadores em 2023 – e pelo terceiro ano seguido, algo que só tinha conseguido na época dourada da Unimed. E chegará ao principal torneio da América do Sul mais preparado do que foi nos últimos dois anos, quando o mais longe que chegou foi às quartas de final. A capacidade do time de se reinventar, como após as perdas de Nonato e Luiz Henrique, a assimilação tática cada vez mais azeitada do Dinizismo e a maior maturidade dão esperança de ir mais além.
O jogo contra o Ceará, na noite de segunda-feira no Castelão, foi mais uma evidência disso. O time conquistou outra vitória incontestável fora de casa em sequência – já tinha atropelado antes Avaí e Corinthians – e teve grande atuação, mesmo ganhando só por 1 a 0, placar suficiente para garantir a vaga matemática para a Libertadores.
Foi 1 a 0, mas poderia ter sido tranquilamente uma goleada tricolor pelo volume ofensivo que a equipe impôs, especialmente no primeiro tempo, quando chegou a ter 71% de posse de bola. Ao todo, o Fluminense terminou com 65% da posse, 92% de precisão nos passes (só errou 52 do total de 693), 16 finalizações e 10 chances de gol.
Só Cano desperdiçou duas que ele não costuma perder. Uma logo aos seis minutos, ao receber um bolão de Ganso e dar de bico por cima do travessão; e aos 17, ao sair cara a cara com o goleiro e chutar na trave. No mesmo lance, Yago também carimbou a baliza na sequência, e Martinelli teve uma chance de cabeça livre na área aos 26. E aos 34, Samuel Xavier recebeu lindo lançamento de Ganso na área e era só rolar para Cano empurrar para a rede, mas errou o passe.
O gol tardou, mas saiu, com Cano aos 26 do segundo tempo. E o Fluminense ainda teve mais quatro oportunidades na etapa final, sendo duas com o próprio argentino: uma furada aos 23, após escanteio e desvio na primeira trave, e um chute fraco aos 35. E duas com Matheus Martins, que entrou no lugar de Yago e também finalizou sem força aos 21 e aos 45 minutos.
O Ceará sentiu falta do Mendoza, mas mesmo sem seu principal atacante já tinha dado muito trabalho para o Inter dentro do Beira-Rio na rodada passada. Mas o Fluminense sofreu pouco ao longo dos 90 minutos. O Vozão teve só três chances claras: uma com Cléber logo no início, em chute cruzado para fora; uma escapada de Vina, que chutou para fora sendo atrapalhado por Cristiano aos 32; e uma bomba de Sobral em que Fábio fez grande defesa aos 24 no segundo tempo.
Assim que Cléber foi expulso, deixando o Fluminense com um a mais em campo, Diniz voltou a ser ousado e arriscou para vencer, tirando um zagueiro para colocar mais um meia. E novamente deu certo. Os números com o recuo de André para ter mais um homem de frente são muito positivos: em nove jogos, foram oito gols marcados pelo time e apenas dois sofridos nessa configuração de “tudo ou nada”.
Matematicamente ainda falta carimbar a vaga na fase de grupos, para não correr o risco de cair na Pré-Libertadores como aconteceu esse ano. Mas, convenhamos, essa classificação direta está virtualmente garantida – e já pode ser confirmada nesta terça em caso de empate em São Paulo x Atlético-MG.
Se mesmo tendo enfraquecido ao longo do ano com a saída de jogadores o time deu resultado, a tendência é que com a chegada de reforços “de alto nível”, como prometeu o presidente Mário Bittencourt em caso de classificação para a Libertadores, a equipe evolua ainda mais em 2023. O que não é garantia de título, mas sem dúvidas aumentam as chances.
Após a vitória sobre o Ceará, o Fluminense chegou aos 61 pontos e se manteve em quarto lugar. Os jogadores retornaram ao Rio de Janeiro em voo fretado na madrugada desta terça-feira e terão o restante do dia de folga, com a reapresentarão marcada para a tarde de quarta no CT Carlos Castilho. O Fluminense volta a campo no próximo sábado, quando recebe o São Paulo às 16h30 (horário de Brasília) no Maracanã, pela antepenúltima rodada do Campeonato Brasileiro.