As contas externas do país registraram um déficit de US$ 11,82 bilhões no primeiro trimestre deste ano, informou o Banco Central nesta terça-feira (25).
O resultado negativo é 40% menor que o registrado no mesmo período do ano passado — quando o déficit foi de US$ 16,56 bilhões.
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Somente em março, as contas externas apresentaram superávit de US$ 286 milhões. Foi o primeiro saldo positivo desde junho de 2022 (+US$ 266 milhões). Em março de 2022, as contas externas apresentaram um déficit de US$ 3,01 bilhões.
De acordo com o BC, o resultado positivo nas contas externas em março está relacionado, principalmente, com o superávit comercial recorde do mês passado, além de um resultado negativo menor na conta de serviços (que inclui viagens ao exterior).
O Banco Central projeta um rombo de US$ 49 bilhões nas contas externas neste ano.
Investimento estrangeiro direto
Ao mesmo tempo, segundo o BC, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira registraram pequena queda nos primeiros três meses deste ano, para US$ 21 bilhões. No mesmo período do ano passado, somaram US$ 22,77 bilhões.
Somente em março, ainda de acordo com a instituição, os investimentos diretos no país totalizaram US$ 7,67 bilhões, contra US$ 6,87 bilhões no mesmo mês de 2022.
A entrada de investimentos no país geralmente está relacionada com o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) — que vem registrando desaceleração por conta da alta dos juros básicos da economia. Atualmente, para conter pressões inflacionárias, a taxa está em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos.
O Banco Central estima uma entrada de US$ 75 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira neste ano.
O mercado financeiro, em pesquisa conduzida pelo BC na semana passada com mais de 100 instituições, estima um ingresso de US$ 80 bilhões em investimentos diretos em 2023.
Gastos de brasileiros no exterior
Já os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,11 bilhão em março deste ano, com estabilidade frente ao mesmo mês do ano passado – quando totalizaram US$ 1,10 bilhão.
As despesas de brasileiros no exterior ainda não retomaram um patamar de normalidade. Em março de 2018 e 2019, por exemplo, esses gastos somaram US$ 1,52 bilhão e US$ 1,32 bilhão, respectivamente.
Além da pandemia, as despesas de brasileiros fora do país também são influenciadas por outros fatores, como o nível de atividade econômica e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.
Em 2022, a moeda norte-americana fechou em queda de 5,3%, cotada a R$ 5,2780. Apesar disso, ainda permaneceu bem acima do patamar de 2019 – terminou aquele ano em R$ 4,0098. Nesta segunda-feira, o dólar fechou em R$ 5,04.
Já o nível de atividade está em desaceleração com a alta do juro básico da economia. Após uma alta de 5% em 2021, o PIB brasileiro teve crescimento de 2,9% no ano passado. E, para 2023, a projeção do mercado é de uma expansão menor ainda, de 0,96%.