Incêndio florestal ainda consome a vegetação e morrarias da Serra do Amolar nesta sexta-feira (2). O local está em chamas desde sábado (27) e pega fogo há seis dias seguidos.
De acordo com o Painel do Fogo, divulgado pelo Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), 2,4 mil hectares foram destruídos pelo fogo, até a madrugada desta quinta-feira (1º), na região.
A fumaça chega a ser vista em Corumbá e Ladário, distantes a 230 quilômetros da Serra do Amolar. Segundo o sistema Pantanal em Alerta, 19 focos de calor foram contabilizados nesta quinta-feira (1º).
Conforme o Painel do Fogo, 115 eventos de fogo foram registrados em janeiro de 2024. No mesmo período do ano passado, foram 28, o que representa aumento de 310%.
De acordo com o sistema Pantanal em Alerta, 650 focos de calor foram contabilizados, nesta quinta-feira (1º), em 122 propriedades de 8 municípios do bioma.
De acordo com o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), o incêndio começou em 27 de janeiro, após um pequeno proprietário rural da região ter ateado fogo na tentativa de limpar um baceiro que estava no acesso de sua propriedade.
O fogo se alastra em pleno verão, estação geralmente chuvosa com alto índice pluviométrico. Porém, vale ressaltar que o acumulado de chuva está abaixo da média para o período, com isso, o Pantanal vive uma estiagem fora de época.
Desde 2020, o fogo não atingia diretamente a Serra do Amolar. As queimadas transformam cenários verdes e cheios de vida em cinzas e mortes. O fogo destrói matas, áreas verdes, vegetações, florestas, biodiversidade e espécies nativas do Pantanal.
As queimadas são extremamente nocivas ao meio ambiente, pois emitem poluentes atmosféricos, reduzem a biodiversidade, destroem matas, devastam a vegetação, prejudicam a fauna e flora, eliminam a cobertura vegetal nativa, comprometem florestas, campos e savanas e matam o ecossistema.
Mudanças climáticas, calor excessivo, escassez de chuvas e baixa umidade relativa do ar favorecem a ocorrência de queimadas no Estado.
COMBATE
Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS), Polícia Militar Ambiental (PMA), Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e brigadas voluntárias tentam controlar o fogo no local.
Corpo de Bombeiros Militar está equipado com aeronave airtractor, que transporta até três mil litros de água em áreas de difícil acesso. O trabalho aéreo é importante em ações de combate, pois o acesso está interrompido pelo rio, por conta dos camalotes e baceiros.
A Brigada Alto Pantanal, mantida pelo IHP, atua para proteger locais onde foram plantadas 25 mil mudas contra o avanço das chamas. Aceiros são montados e áreas passam por limpeza, tanto para servir de rota de fuga de animais, como para tentar reduzir o tamanho do fogo no caso de avançar para regiões prioritárias.
São 14 brigadistas do IHP atuando em três frentes diferentes e quatro brigadistas de Brigadas Voluntárias da SOS Pantanal para dar apoio.
PREVENÇÃO
As formas de evitar a propagação de incêndios florestais no Pantanal são:
Implementar aceiros – faixas desprovidas de vegetação que servem para barrar o fogo e impedir que ele continue seu rumo
Manter terrenos limpos e capinados
Evitar jogar pontas de cigarro acesas na vegetação à beira de rodovias
Realizar queimadas na época correta, frequência correta e locais corretos, chamadas popularmente de queimadas preventivas ou controladas
CHUVA
Evitar o uso de fogo em julho, agosto e setembro, meses do inverno, pois as condições climáticas são desfavoráveis para a época
CRIME
Incendiar espaços públicos e áreas preservadas é crime.
De acordo com o Artigo 250 do decreto lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940 do Código Penal Brasileiro, causar incêndio que cause perigo à vida ou ao patrimônio público é crime, com pena de três a seis anos de reclusão e multa. A detenção diminui para seis meses a dois anos caso o incêndio for culposo.
Os números para denúncia são:
156 – Semadur (Prefeitura de Campo Grande)
193 – Corpo de Bombeiros
0800 061 8080 – Ibama
SERRA DO AMOLAR
Serra do Amolar está localizada nas imediações de Corumbá, próximo a divisa com a Bolívia e o estado de Mato Grosso. Encontra-se na região Noroeste de Mato Grosso do Sul. Está situada a 700 quilômetros de Campo Grande.
É uma formação rochosa (morros) entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS).
São 80 quilômetros de serras e morros que chegam a mil metros de altitude, distribuídos em 300 mil hectares entre os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. A única maneira de chegar até o local é por meio de barco (Rio Paraguai) ou avião.
É classificada, pelo Ministério do Meio Ambiente, como uma área de conservação de biodiversidade de prioridade extremamente alta.
A Unesco denomina essa região como Reserva da Biosfera Mundial e desde 2000 considera o Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal (Parque Nacional, RPPN Acurizal, RPPN Penha, RPPN Dorochê e RPPN Rumo ao Oeste) como Patrimônio Natural da Humanidade.
Abriga diversas espécies, como a onça-pintada, ariranha, antas, tamanduás-bandeiras.
Fonte: Correio do Estado