A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu explorar na reta final do segundo turno o episódio envolvendo a prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que atacou e feriu policiais federais ao se recusar a cumprir uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) por cerca de oito horas.
Integrantes do núcleo duro da campanha ouvidos reservadamente pela equipe da coluna dizem que as peças a serem usadas no horário eleitoral vão explorar como o caso evidencia “as consequências do estímulo às armas e à violência” por parte do presidente Jair Bolsonaro.
“A violência bolsonarista chegou a níveis alarmantes. Eles invadem igrejas, agridem padres, criam caos em lugares sagrados. Matam por causa da política, matam por nada”, diz o narrador em uma inserção da campanha do PT, enquanto são exibidas cenas de agressões físicas que se espalharam pelo país durante as eleições.
Petistas apostam que o caso tem o potencial de espantar eleitores indecisos e moderados, que podem selar o desfecho da acirrada corrida pelo Palácio do Planalto.
O PT também tem em mãos levantamentos que mostram que o discurso beligerante de Bolsonaro não agrada ao eleitorado feminino.
“Roberto Jefferson, um dos principais aliados de Bolsonaro e condenado por corrupção, atirou na Polícia Federal. Precisamos acabar com o ódio e a violência. O Brasil precisa de paz”, diz o vídeo produzido pelo PT já na noite de domingo. A equipe da coluna teve acesso a outros dois vídeos que estão circulando, mostrando as falas de Roberto Jefferson dizendo que vai atirar ou que já atirou.
Um vídeo que circulou em listas de policiais federais na noite de domingo e obtido com exclusividade pela coluna mostra uma cena da negociação entre o ex-deputado federal e um policial federal do grupo tático da Polícia Federal que entrou na casa dele para negociar a rendição.
Na conversa, acompanhada pelo ex-candidato à presidência da República pelo PTB, Padre Kelmon, Jefferson afirma que não atirou nos policiais. “Eu quero lhe dizer uma coisa. Não atirei neles. Eles sabem disso. Eu cheguei e eles estavam embaixo, e eu com fuzil.”
Conforme informou a colunista Bela Megale, o faroeste estrelado por Jefferson provocou um curto-circuito na campanha de Bolsonaro, que tentou se desvincular do ex-deputado federal e presidente de honra do PTB.